ART - PAINTING A DAY - MISTAKES - LUCKY HITS

domingo, 25 de novembro de 2007

TIM BURTON - ROBOT BOY


Este eu fiz de brincadeira que o domingo foi chuvoso!

SEM TÍTULO


Guache sobre papel 19x24cm
Luciano Figueiredo

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

LUCIANO


Este é do delicioso livro de poesias do Tim Burton The Melancholy Death of Oyster Boy & Other Stories (lançado no Brasil como A Morte do Menino Ostra) que conta a história de várias crianças com defeitos. Deprê e engraçado ao mesmo tempo. O meu preferido é Robot Boy, fruto de uma relação extra-conjugal de sua mão com um liquidificador!

Tim Burton aqui mil vezes melhor que em Peixe Grande ou A Incrível Fábrica de Chocolate.



NADA É IMPOSSÍVEL DE MUDAR

"Desconfiai do mais trivial ,
na aparência singelo.
E examinai, sobretudo, o que parece habitual.
Suplicamos expressamente:
não aceiteis o que é de hábito como coisa natural,
pois em tempo de desordem sangrenta,
de confusão organizada, de arbitrariedade consciente,
de humanidade desumanizada,
nada deve parecer natural nada deve parecer impossível de mudar."
Bertold Brecht

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

DON'T COME KNOCKING


Toda vez que você entra em um locadora sofre um branco total e não consegue pensar em nem um filme que gostaria de assistir, como eu? Pois é, geralmente acabo saindo de lá com um filme que não estou com a menor vontade de assistir. Segunda passada, véspera de feriado, não foi diferente, mas para minha surpresa acabei locando um grande filme do qual eu nunca tinha ouvido falar ou não me lembrava: Don't Come Knocking (Estrela Solitária - ???) de Win Wenders e roteiro de San Shepard (a mesma dobradinha de Paris Texas) e um monte de atores legais de várias gerações: Jessica Lange (mulher de Shepar), Eva Mary Saint (dos filmes de Hitchcock), Sarah Polley (dos filmes da Isabel Coixet) e o próprio Shepard.
Não vou ficar aqui contando a "histórinha", mas o que mais me chamou a atenção neste filme foi a explícita influência do pintor americano Edward Hopper. Não só na fotografia (de Franz Lustig), o que já seria legal, mas em todo o filme. Na trama, nos personagens, no clima... Como nas pinturas de Hopper, são explorados os vastos espaços vazios, a sutil interação do ser humano com o ambiente e das pessoas entre si. Hopper e Wenders, posicionam seus personagens como se eles tivessem sido capturados imediatamente antes ou depois do clímax da cena.
Hopper possui um apelo Pop muito grande e não é novidade sua influência no cinema(Psicose, Road to Perdition, etc) mas aqui Wender acerta a mão e chega bem próximo deste que parece ser a maior de suas influências.



A IMAGEM DE CIMA É O CARTAZ DO FILME, A DEBAIXO TALVEZ A MAIS CONHECIDA TELA DE HOPPER: NIGHTHAWKS, DE 1942. QUALQUER SEMELHANÇA NÃO É MERA COICIDÊNCIA.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

SONHOS

Um dos maiores cienastas, Akira Kurosawa disse certa vez:
"Num mundo louco, apenas os loucos são sãos."
Como é tenue a linha que separa um estado de clareza profunda e de insanidade. Acho que no final da peça em que estou trabalhando agora, No Se Lo Que Es Pero Esta Me Comiendo Por Dentro, isso fica muito evidente na última cena. O personagem de João amadurece com a dor da perda da mulher amada e com a culpa de ter matado o homem errado por vingança e confronta o fantasma da noiva, mas vendo pelo prisma de Kurosawa acho que ele também precisa reencontrar Pablo, sua vítima. A culpa não só de ter matado mas também de ter sobrevivido, ele carregará para o resto da vida, como o personagem deste capítulo do filme Sonhos, uma das sequências mais lindas e eloqüentes do cinema na minha opinião.






AH, PODER CRER EM SANTA BÁRBARA!

Eu lembrava de minha avó e o Jú falava de sua mãe. Entre uma cerveja e outra nos mostramos ateus de meia-tigela, nos emocionamos com a religiosidade delas. Uma acende velas a Nossa Senhora pela manhã, a outra servia café a santo Expedito. O poema me veio a cabeça mas não o sabia decor(ação), então vai assim atrasado Jú:

trecho de O GUARDADOR DE REBANHOS (1911-1912)
Fernando Pessoa

Esta tarde a trovoada caiu
Pelas encostas do céu abaixo
Como um pedregulho enorme...
Como alguém que duma janela alta
Sacode uma toalha de mesa,
E as migalhas, por caírem todas juntas,
Fazem algum barulho ao cair,
A chuva chiou do céu
E enegreceu os caminhos...

Quando os relâmpagos sacudiam o ar
E abanavam o espaço
Como uma grande cabeça que diz não,
Não sei por quê - eu não tinha medo -
Pus-me a rezar a Santa Bárbara
Como se eu fosse a velha tia de alguém...

Ah! é que rezando a Santa Bárbara
Eu sentia-me ainda mais simples
Do que julgo que sou...
Sentia-me familiar e caseiro
E tendo passado a vida
Tranqüilamente, como o muro do quintal;
Tendo idéias e sentimentos por os ter
Como uma flor tem perfume e cor...

Sentia-me alguém que possa acreditar em Santa Bárbara...
Ah, poder crer em Santa Bárbara!


Ou, como disse o pai do Guilherme quando ele pediu para rezar por você no hospital: "Eu rezo, mas esse porra tem que rezar também!"

MISS OTIS REGRETS

Escrita em 1934 por Cole Porter, esta canção cantada por Ella Fitzgerald conta a história de uma dama que tem um fim trágico após encontrar-se com um gangster. Em sua maneira peculiar, Porter conta em poucas palavras a última noite desta mulher que depois de ser seduzida e abandonada, caça e atira em seu sedutor, é presa, retirada da cadeia pela máfia e enforcada. O detalhe é que toda a história é contada pelo mordomo que nos transmite as polidas palavras finais de desculpa aos amigos: "Miss Otis regrets she's unable to lunch today."
O discreto charme da burguesia...
Um clássico!

Get your own Moonk!

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

BE COOL

Este é para uma linda moça que escreve coisas doces em http://moimonica.blogspot.com/e ama os prazeres simples da vida...

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

UMA IMAGEM VALE MAIS QUE MIL PALAVRAS... OU NÃO?


Na concepção do espetáculo "No Se lo Que Es Pero Está Me Comiendo por Dentro", discutimos bastante sobre o "entendimento" de uma peça. Apesar de ser um trabalho bastante criterioso, não tínhamos certeza se tudo ficaria claro para o espectador. Por exemplo, nas minas de carvão da Bolívia é comum os trabalhadores acenderem velas em um altar com uma figura diabólica chamada El Tio, uma maneira de abrandar o diabo, digamos assim, para que ele não os cause nenhum mal naquele ambiente já bastante insalubre. Esta história não é contada na peça, mas em uma cena, são estas figuras que explicam o trabalho e as condições desumanas a um personagem que acaba de chegar. Não sabíamos como o público receberia isso, se tentaria entender intelectualmente, e para isso não demos informações suficientes, ou se receberia "sensorialmente", metabolizando a cena (e grande parte do espetáculo) não só por seu conteúdo mas também por sua forma.

Principalmente depois do Alexandre Mate assistir a um ensaio e conversarmos sobre suas opiniões, mudamos algumas coisas para que o espetáculo ganhasse em entendimento e clareza, mas sempre tentamos achar um caminho que não deixasse o trabalho nem óbvio, nem hermético. Acho que pela reação do público na estréia semana passada conseguimos.


Isso para mim continua uma questão bastante importante, principalmente o da narrativa forte em detrimento de imagens e cenas fortes que se comuniquem com o público não através da linguagem verbal. Acho que a imagem inicial proposta para o espetáculo e abandonada por questão de dificuldade técnica de realização é um bom exemplo disso: corpos nus afogados em grandes recipientes transparentes com água. Imóveis e aparentemente sem respirar debaixo d'água enquanto o público entra no teatro e se senta. Uma bela e clara metáfora do que o público iria ver. Pena não termos aprendido a respirar debaixo d'água!


Como fatalmente minha referência é o cinema, dois artistas estão chamando minha atenção por abordarem esta problemática. David Lynch, "diretor americano que vai na contra mão da tendência realista do cinema atual e cria obras inspiradas pela matéria dos sonhos, sem se prender a narrativas lineares ou significados fechados. Como Luis Buñuel, Lynch entende que certos aspectos da realidade são inexplicáveis - e que o dever do cinema é preservar o mistério da vida, não explicá-lo" (revista Bravo!) e o inglês Peter Greenaway que em um entrevista a Philippe Barcinski diz por exemplo: "Os anos 90 presenciaram enormes revoluções tecnológicas, que tem a ver com dois fenômenos: interatividade e multimídia. O cinema, no entanto, não possui nem uma coisa nem outra. A geração do laptop não pode se excitar com algo que não é interativo ou multimídia. O cinema se tornou antiquado. Você senta num lugar escuro , mas o homem não é um animal noturno. Você olha uma só direção, mas o mundo todo está a sua volta. Se você assiste a um longa numa sala de projeção, fica parado por dias horas, algo que não fazemos nem dormindo. Que coisa mais estúpida! A linguagem cinematográfica é extraordinária, mas é desperdiçada nas salas de projeção. Por sermos preguiçosos temos um cinema patético e miserável, baseado na narrativa, que não consegue mais seduzir a nossa imaginação...". Apesar de ao vivo e em três dimensões acho que muitas de suas idéias valem também para o teatro.

Tese X antítese = síntese! Acho que a cada acerto e erro, a cada trabalho, a cada descoberta vamos chegando mais próximos das respostas, ou não! Afinal como disse um certo velhinho: só sei que nada sei!


As imagens que ilustram o texto são quadros de David Lynch expostos este ano na Fondation Cartier - Paris em uma exposição sua chamada "The Air is on Fire".