ART - PAINTING A DAY - MISTAKES - LUCKY HITS

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

FLORES / FLOWERS

Sou péssimo para títulos...

Este é bem pequeno e antigo, mas como quero ser aceito no Daily Painters Art Gallery preciso postar meu trabalho com regularidade.

I'm so bad with titles...

This is an quite small old one, but as soon as I want to be accepted on Daily Painters Art Gallery I must post my work regularly.




óleo sobre tela (oil on canvas) 15X10cm

Estou trabalhando agora em um quadro sobre Paranapiacaba, mas acho que só vou conseguir terminá-lo ano que vem já que vou para a praia!

I'm working on a painting about Paranapiacaba, but I think I will only be able to post it next year because I'm going to the beach!

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

GARRAFA AZUL / BLUE BOTTLE



Este é só um esboço feito em aquarela de um quadro que pretendo pintar em óleo. Gosto das cores e da composição e só. Fiz em poucos minutos e estou decidido a não pensar à respeito, este é apenas um exercício de técnica. Afinal qual a importância de uma garrafa azul para o mundo?
Digo isso porque acho que tão importante quanto a qualidade técnica de um artista é a escolha de seus temas, mas isso agora será colocado de lado por um tempo.
This is a watercolor sketch of a oil painting I want to do. I like the colors, composition and... only this. I did in a few ninutes and I'm decided not to think about it, this is only an exercise to practice. After all, what the importance of a blue bottle for the world? I tell this because for me as important as the technique of an artist is what he chooses as subject, but for now I will just put this questions aside for a while.
The "not brazilians" may not recognize one of the fruit, it's a carambola, it's a delicious tropical fruit and when you cut it, the slices have the shape of a star.
PS - Thanks Mary Sheehan Winn for your encouragement and attention, you know how important is to have your work saw.

domingo, 23 de dezembro de 2007

WOODY

Praticando...
And practicing...

sábado, 22 de dezembro de 2007

NU / NUDE

De férias do teatro tenho dedicado bastante tempo ao desenho, o que me dá bastante prazer. Conheci por acaso um artista chamado Ronan, um cara muito talentoso e simpático que me indicou aulas com um professor de óleo. Já acertei tudo e começarei as aulas na primeira quinta de 2008. Estou bem contente. Já deveria ter feito isso há muito tempo atrás!
While on vacation I have dedicated quite a good time sketching, what is a great pleasure until my theatre work start over next year. I met by chance a nice young artist called Ronan and he indicated me a fine oil painting teacher. I set things about and will start classes first thursday, 2008. I'm pretty excited. I shoul have done this a long ago!

SKETCHING...




terça-feira, 18 de dezembro de 2007

BEIJO / KISS


Watercolor 15X10cm

HOMEM VERMELHO / RED MAN

Este é bem antigo...
This is quite old...


Guache 20X20cm



sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

ESBOÇO - VALENTINA

Quero dar um retrato da Valentina de presente para minha irmã, mas tô apanhando um pouco!
I want to give my sister, her daughter's portrait as a xmas gift but as you can see it's not that easy!

Aquarela (Watercolor)20X28cm
Luciano Figueiredo

MULHER CHORANDO / WOMAN CRYING

Nunca tinha dado muita bola à esta pintura até uma pessoa muito querida gostar dela. Agora é uma das minhas preferidas...

I never had paid to much attention to this watercolor till a very special person have told me how much she liked it. Now, she is one of my favorites...


Aquarela 10x12cm
Luciano Figueiredo

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

MÃOS / HANDS

Eu gosto de mãos. Tem gente que prefere os olhos, a boca, a derrière... mas sempre que conheço alguém reparo logo nas mãos. Poderia reconhecer todos meus amigos pelas mãos. A família então e os amores nem se fala. Apesar de minha avó ter morrido há alguns anos ainda sinto saudade das suas mãos (lindas, de senhora rica apesar de não ser!) que tenho bem viva na minha memória. Mas até quando? Pensando nisso resolvi retratar as mãos da minha vida.
Todos nós temos retratos de pessoas que amamos, mas nunca ou quase nunca fotografamos as mãos, digo, somente as mãos.
Falta muita gente ainda, mas algumas, tão importantes, estão aqui. Caprichei no foco porque se os olhos são a janela da alma, a mão é a concretude do corpo, a materialização, a objetivação, o barro!
I like hands. Some people prefer eyes, mouth, la derrière... but as soon as I meet someone I pay attention on its hands. I could recognize all my friends, family and loved ones by their hands. Besides my granny have died years ago I still miss her hands ( beautiful rich lady's hands, even not been one!) and have them vivid on my memory. But till how long? Thinking about it I decided to portray the hands of my life. We all have portraits of our beloved ones, but we never photograph their hands, I mean, only their hands.
I still have to photograph a lot of people, but some, so important are here. I tried to excel on the focus, considering the eyes as the windows of the soul, the hands are the concreteness of the body, the materialism, the object, the clay!




O primeiro sou eu, seguido por minha mãe ("...com a unha assim, nem pensar!") e finalmente meu irmão Alessandro.

The first is me, folowed by my mother and at last my brother Alessandro.

domingo, 25 de novembro de 2007

TIM BURTON - ROBOT BOY


Este eu fiz de brincadeira que o domingo foi chuvoso!

SEM TÍTULO


Guache sobre papel 19x24cm
Luciano Figueiredo

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

LUCIANO


Este é do delicioso livro de poesias do Tim Burton The Melancholy Death of Oyster Boy & Other Stories (lançado no Brasil como A Morte do Menino Ostra) que conta a história de várias crianças com defeitos. Deprê e engraçado ao mesmo tempo. O meu preferido é Robot Boy, fruto de uma relação extra-conjugal de sua mão com um liquidificador!

Tim Burton aqui mil vezes melhor que em Peixe Grande ou A Incrível Fábrica de Chocolate.



NADA É IMPOSSÍVEL DE MUDAR

"Desconfiai do mais trivial ,
na aparência singelo.
E examinai, sobretudo, o que parece habitual.
Suplicamos expressamente:
não aceiteis o que é de hábito como coisa natural,
pois em tempo de desordem sangrenta,
de confusão organizada, de arbitrariedade consciente,
de humanidade desumanizada,
nada deve parecer natural nada deve parecer impossível de mudar."
Bertold Brecht

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

DON'T COME KNOCKING


Toda vez que você entra em um locadora sofre um branco total e não consegue pensar em nem um filme que gostaria de assistir, como eu? Pois é, geralmente acabo saindo de lá com um filme que não estou com a menor vontade de assistir. Segunda passada, véspera de feriado, não foi diferente, mas para minha surpresa acabei locando um grande filme do qual eu nunca tinha ouvido falar ou não me lembrava: Don't Come Knocking (Estrela Solitária - ???) de Win Wenders e roteiro de San Shepard (a mesma dobradinha de Paris Texas) e um monte de atores legais de várias gerações: Jessica Lange (mulher de Shepar), Eva Mary Saint (dos filmes de Hitchcock), Sarah Polley (dos filmes da Isabel Coixet) e o próprio Shepard.
Não vou ficar aqui contando a "histórinha", mas o que mais me chamou a atenção neste filme foi a explícita influência do pintor americano Edward Hopper. Não só na fotografia (de Franz Lustig), o que já seria legal, mas em todo o filme. Na trama, nos personagens, no clima... Como nas pinturas de Hopper, são explorados os vastos espaços vazios, a sutil interação do ser humano com o ambiente e das pessoas entre si. Hopper e Wenders, posicionam seus personagens como se eles tivessem sido capturados imediatamente antes ou depois do clímax da cena.
Hopper possui um apelo Pop muito grande e não é novidade sua influência no cinema(Psicose, Road to Perdition, etc) mas aqui Wender acerta a mão e chega bem próximo deste que parece ser a maior de suas influências.



A IMAGEM DE CIMA É O CARTAZ DO FILME, A DEBAIXO TALVEZ A MAIS CONHECIDA TELA DE HOPPER: NIGHTHAWKS, DE 1942. QUALQUER SEMELHANÇA NÃO É MERA COICIDÊNCIA.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

SONHOS

Um dos maiores cienastas, Akira Kurosawa disse certa vez:
"Num mundo louco, apenas os loucos são sãos."
Como é tenue a linha que separa um estado de clareza profunda e de insanidade. Acho que no final da peça em que estou trabalhando agora, No Se Lo Que Es Pero Esta Me Comiendo Por Dentro, isso fica muito evidente na última cena. O personagem de João amadurece com a dor da perda da mulher amada e com a culpa de ter matado o homem errado por vingança e confronta o fantasma da noiva, mas vendo pelo prisma de Kurosawa acho que ele também precisa reencontrar Pablo, sua vítima. A culpa não só de ter matado mas também de ter sobrevivido, ele carregará para o resto da vida, como o personagem deste capítulo do filme Sonhos, uma das sequências mais lindas e eloqüentes do cinema na minha opinião.






AH, PODER CRER EM SANTA BÁRBARA!

Eu lembrava de minha avó e o Jú falava de sua mãe. Entre uma cerveja e outra nos mostramos ateus de meia-tigela, nos emocionamos com a religiosidade delas. Uma acende velas a Nossa Senhora pela manhã, a outra servia café a santo Expedito. O poema me veio a cabeça mas não o sabia decor(ação), então vai assim atrasado Jú:

trecho de O GUARDADOR DE REBANHOS (1911-1912)
Fernando Pessoa

Esta tarde a trovoada caiu
Pelas encostas do céu abaixo
Como um pedregulho enorme...
Como alguém que duma janela alta
Sacode uma toalha de mesa,
E as migalhas, por caírem todas juntas,
Fazem algum barulho ao cair,
A chuva chiou do céu
E enegreceu os caminhos...

Quando os relâmpagos sacudiam o ar
E abanavam o espaço
Como uma grande cabeça que diz não,
Não sei por quê - eu não tinha medo -
Pus-me a rezar a Santa Bárbara
Como se eu fosse a velha tia de alguém...

Ah! é que rezando a Santa Bárbara
Eu sentia-me ainda mais simples
Do que julgo que sou...
Sentia-me familiar e caseiro
E tendo passado a vida
Tranqüilamente, como o muro do quintal;
Tendo idéias e sentimentos por os ter
Como uma flor tem perfume e cor...

Sentia-me alguém que possa acreditar em Santa Bárbara...
Ah, poder crer em Santa Bárbara!


Ou, como disse o pai do Guilherme quando ele pediu para rezar por você no hospital: "Eu rezo, mas esse porra tem que rezar também!"

MISS OTIS REGRETS

Escrita em 1934 por Cole Porter, esta canção cantada por Ella Fitzgerald conta a história de uma dama que tem um fim trágico após encontrar-se com um gangster. Em sua maneira peculiar, Porter conta em poucas palavras a última noite desta mulher que depois de ser seduzida e abandonada, caça e atira em seu sedutor, é presa, retirada da cadeia pela máfia e enforcada. O detalhe é que toda a história é contada pelo mordomo que nos transmite as polidas palavras finais de desculpa aos amigos: "Miss Otis regrets she's unable to lunch today."
O discreto charme da burguesia...
Um clássico!

Get your own Moonk!

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

BE COOL

Este é para uma linda moça que escreve coisas doces em http://moimonica.blogspot.com/e ama os prazeres simples da vida...

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

UMA IMAGEM VALE MAIS QUE MIL PALAVRAS... OU NÃO?


Na concepção do espetáculo "No Se lo Que Es Pero Está Me Comiendo por Dentro", discutimos bastante sobre o "entendimento" de uma peça. Apesar de ser um trabalho bastante criterioso, não tínhamos certeza se tudo ficaria claro para o espectador. Por exemplo, nas minas de carvão da Bolívia é comum os trabalhadores acenderem velas em um altar com uma figura diabólica chamada El Tio, uma maneira de abrandar o diabo, digamos assim, para que ele não os cause nenhum mal naquele ambiente já bastante insalubre. Esta história não é contada na peça, mas em uma cena, são estas figuras que explicam o trabalho e as condições desumanas a um personagem que acaba de chegar. Não sabíamos como o público receberia isso, se tentaria entender intelectualmente, e para isso não demos informações suficientes, ou se receberia "sensorialmente", metabolizando a cena (e grande parte do espetáculo) não só por seu conteúdo mas também por sua forma.

Principalmente depois do Alexandre Mate assistir a um ensaio e conversarmos sobre suas opiniões, mudamos algumas coisas para que o espetáculo ganhasse em entendimento e clareza, mas sempre tentamos achar um caminho que não deixasse o trabalho nem óbvio, nem hermético. Acho que pela reação do público na estréia semana passada conseguimos.


Isso para mim continua uma questão bastante importante, principalmente o da narrativa forte em detrimento de imagens e cenas fortes que se comuniquem com o público não através da linguagem verbal. Acho que a imagem inicial proposta para o espetáculo e abandonada por questão de dificuldade técnica de realização é um bom exemplo disso: corpos nus afogados em grandes recipientes transparentes com água. Imóveis e aparentemente sem respirar debaixo d'água enquanto o público entra no teatro e se senta. Uma bela e clara metáfora do que o público iria ver. Pena não termos aprendido a respirar debaixo d'água!


Como fatalmente minha referência é o cinema, dois artistas estão chamando minha atenção por abordarem esta problemática. David Lynch, "diretor americano que vai na contra mão da tendência realista do cinema atual e cria obras inspiradas pela matéria dos sonhos, sem se prender a narrativas lineares ou significados fechados. Como Luis Buñuel, Lynch entende que certos aspectos da realidade são inexplicáveis - e que o dever do cinema é preservar o mistério da vida, não explicá-lo" (revista Bravo!) e o inglês Peter Greenaway que em um entrevista a Philippe Barcinski diz por exemplo: "Os anos 90 presenciaram enormes revoluções tecnológicas, que tem a ver com dois fenômenos: interatividade e multimídia. O cinema, no entanto, não possui nem uma coisa nem outra. A geração do laptop não pode se excitar com algo que não é interativo ou multimídia. O cinema se tornou antiquado. Você senta num lugar escuro , mas o homem não é um animal noturno. Você olha uma só direção, mas o mundo todo está a sua volta. Se você assiste a um longa numa sala de projeção, fica parado por dias horas, algo que não fazemos nem dormindo. Que coisa mais estúpida! A linguagem cinematográfica é extraordinária, mas é desperdiçada nas salas de projeção. Por sermos preguiçosos temos um cinema patético e miserável, baseado na narrativa, que não consegue mais seduzir a nossa imaginação...". Apesar de ao vivo e em três dimensões acho que muitas de suas idéias valem também para o teatro.

Tese X antítese = síntese! Acho que a cada acerto e erro, a cada trabalho, a cada descoberta vamos chegando mais próximos das respostas, ou não! Afinal como disse um certo velhinho: só sei que nada sei!


As imagens que ilustram o texto são quadros de David Lynch expostos este ano na Fondation Cartier - Paris em uma exposição sua chamada "The Air is on Fire".

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

FREAK SHOW



Um retrato imaginário de Diane Arbus. Este é o subtítulo de Fur, filme sobre a impressionante artista americana que se destacou principalmente pelos retratos de pessoas à margem da sociedade, os chamados freaks - travestis, anões, gigantes, prostitutas...

O por quê de uma jovem bem nascida, polida e educada mergulhar neste universo de outsiders é tema de várias especulações tanto de críticos de arte quanto de psicanalistas de plantão, o que é certo é a importância de seu legado artístico que influenciou definitivamente a cultura pop antes de seu suicídio em 1971.

Vale a pena conhecer um pouco mais sobre o trabalho dessa curiosa figura que disse certa vez: ""Most people go through life dreading they'll have a traumatic experience. Freaks were born with their trauma. They've already passed their test in life. They're aristocrats."

Eu sempre acredito que a beleza está no olho daquele que tem capacidade, treino ou grandeza para vê-lo, fico imaginado como devia ser bela esta mulher para ver (e nos descortinar) tanta beleza onde os outros só viam deformidades.









domingo, 14 de outubro de 2007

OH, GOOD GRIEF!


Vale a pena visitar o site oficial dos Peanuts - http://www.snoopy.com/ - e reler algumas das tirinhas que Charles Schulz desenhou pessoalmente ao longo de 50 anos! Isso mesmo, o cara criou tirinhas diárias de 1950 à 2000, é considerada a história mais longa contada por um homem.

Quando decidiu parar por problemas de saúde (morreu 2 meses depois) o sindicato dos cartunistas dos Estados Unidos resolveu homenageá-lo, e em todos os jornais, todas as tirinhas, de todos os cartunistas trataram de apenas um mesmo assunto: Peanuts. Algumas são realmente emocionantes e muito engraçadas como por exemplo a dos Simpsons.

Essas tirinhas me lembram muito minha infância e como eu gostava de desenhar, os desenhos do Snoopy que passavam no SBT, além das brincadeiras na ruinha com a Patrícia (que eu sempre achei que tinha o jeitão da minha personagem preferida Peppermint Patty), Marcelo, Adriana... Êita tempo bom!

Acho que só mesmo Bill Watterson conseguiu criar humor à altura com Calvin & Hobbes http://www.gocomics.com/calvinandhobbes/

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

CARTAZ


PROCESSO NATURAL

Alguns dias da estréia e ainda continuo me perguntando sobre que caminho seguir na iterpretação de Don Pablo. Relí alguns trechos da auto-biografia de Brando - "Canções Que Minha Mãe Me Ensinou" - e achei alguns trechos interessantes deste cara que diz nunca ter sido contaminado pelo "vírus do ator": "...para mim sempre foi apenas um meio de ganhar a vida". Sua maneira prosaica é divertida e me agrada como ele dessacraliza a profissão do ator:
"...uma das características básicas da psique humana é o fato de se curvar facilmente à sugestão. A nossa suscetibilidade a ela é fenomenal, e a tarefa do ator é manipular essa sugestionabilidade. (...) Se a história é bem escrita e o ator não atrapalha , o processo é natural."
Claro que não era fácil nem para ele, mas com certeza ele achou uma maneira bastante eficiente de desempenhar bem a profissão.
Dei também uma olhada no programa de "Avarento" quando fiquei sabendo da morte de Paulo Autran. Não gostei da montagem apesar do bom elenco e do belo cenário e figurino, achei que o Paulo não tinha a força, a energia física que o Harpagon pedia. Cheguei a ter dó dele pelo menos em dois momentos: quando ele vai dar uma "surra" em um personagem jovem e quase cai e em uma transição de cena em que apagam-se as luzes e ele só não se estabaca todo por que em vez de sair de cena os outros atores é que entram e ele fica imóvel. Hoje é que fui saber que durante este espetáculo ele já estava fazendo rádio e quimio terapia para tratar um cancer no pulmão.
Dois grandes atores, dois grandes profissionais. Terão muito assunto!

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

OS PEQUENOS RIDÍCULOS

Chega nesta 31ª Mostra de Cinema de SP, o filme "Longe Dela", primeira direção da atriz canadense Sarah Polley que conhecemos principalmente dos filmes de Isabel Coixet - "Minha Vida sem Mim" e "A Vida Secreta das Palavras". Jovem, 28 anos, sobre o trabalho do ator e o papel do diretor ela diz o seguinte: "Atuar é se doar completamente para a visão de uma outra pessoa-seu corpo e coração se dedicam a ajudar alguém em quem você acredita a criar algo que apenas ele pode realmente ver". Já em São Paulo em cartaz com "Os Efêmeros" do Théâtre du Soleil, a brasileira Juliana Carneiro da Cunha, 58, reponde quando é perguntada sobre sua preferência em ser bailarina ou atriz: "Eu sou intérprete, bailarina, atriz, cantora, muda, fico de cabeiça para baixo, o que for necessário para o personagem".
Nesta fase de dúvidas em relação a interpretação e à própria concepção de "No Se Lo Que És - Pero Esta Me Comiendo Por Dentro", mais que conteúdo, a forma ao meu ver, pede por este artista que vislumbre o espetáculo como um todo.
Na falta dele teremos que achar este norte nós mesmos, deixá-lo claro para que todos "vejamos" a mesma coisa, e depois nos atirarmos sem rede de proteção. Não acho que falta pouco tempo, não acho que tudo vai mal, estou tranquilo. Mas tenho certeza que a peça só será teatro se emprestarmos nossa vida a ela, se formos vicerais, se entrarmos na curva acelerando mesmo que para capotar. Afinal como diz Mário Quintana dos pequenos ridículos:

Nunca faça escândalos. Ao menos,
Visto que tanto ousas,
Não os faças pequenos...
O ridículo está é nas pequenas cousas.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

AMNÉSIA


...e eu tenho idéia de ter comprado um Marlboro light com uma foto de gatinhos mortos no verso.

Só não me lembro o que estava escrito!

sábado, 6 de outubro de 2007

"THE BRAIN IS WIDER THAN THE SKY"



Assim como um pássaro canta ou uma aranha constrói uma bela teia, alguns seres só precisam se expressar para revelar toda a beleza de suas almas. Assim acredita Joseph Campbell, assim foi Emily Dickinson (1830-1886).


Sabe aquele prazer de conhecer um novo autor, ou uma nova língua? Aquela sensação de expandir as fronteiras de seu conhecimento? ("...os limites da minha linguagem são os limites do meu mundo" - Marshal Urban) Foi essa a sensação que tive ao entrar em contato com a obra desta mulher, apresentado por uma coluna da Nina Horta.


Dizem que é a maior poeta americana, alguns a comparam a Shakespeare na consistência das palavras. Eu acho que se tornaria amiga íntima de Cora Coralina se a tivesse conhecido, trocando receitas de doce e desafogando os corações sensíveis.


Emily nasceu em Amherst, Massachusetts, em uma casa construída pelos avós proveniente de uma família abastada. Teve uma educação primorosa e após finalizar os estudos voltou à casa para cuidar dos pais. Nunca se casou. Passou a vida toda reclusa. As poucas viagens que fez, para Filadélfia, Washington e Boston foi para tratar problemas de visão.


Seria uma personagem comum que se perderia nas brumas do tempo se não tivesse essa essência de passarinho ou aranha ou borboleta! Mas... "Beauty is not caused. It is."


Não aprendeu o recato do lar na escola. A diretora tinha fogo nas ventas e afirmava que um dos grandes perigos para o cérebro das mulheres era a cozinha. Concentravam toda a atenção nessa área do conhecimento e não lhes sobrava tempo para cultivar a mente. O que as donas de casa tinham que fazer era simplificar a lida e aproveitar a vida (com leituras edificantes). E que se danassem os maridos, esses tiranos, diante dos quais as mulheres se curvavam em servidão sem esperança. (Opa, isso em 1950!)


Mas a poeta só achava da vida o que queria achar, depois de muito pensar. Tratou de transformar a religião da família e do colégio numa coisa só sua, estudou bastante, apaixonou-se pelos livros e depois, já que podia escolher, escolheu voltar para casa, para a fortaleza paterna de onde começaria uma imensa viagem para dentro de si mesma.


Quase tudo que se sabe sobre a vida de Emily Dickinson tem como fonte as correspondências que ela manteve com algumas pessoas. Nestas cartas, além de tecer comentários sobre o seu cotidiano, havia também alguns poemas. Só que secretamente, esta moça escondeu do mundo quase dois mil poemas guardados em saquinhos de pano ou livros manuscritos com suas composições, produzidos e encadernados à mão que nunca foram publicados em vida.


Toda a sua obra foi editada postumamente, sendo reconhecida e aclamada pelos críticos.

"Behavior is what a man does, not what he thinks, feels, or believes."

Em vida seu maior reconhecimento foi ganhar um concurso de bolos na feira de gado da sua cidade. O prêmio era de 75 cents, mas ganhou! E continuou a fazer pão e bolo vida afora, dizia: "As pessoas querem doces, então é preciso fazê-los".


Acho que foi feliz. Acho que era alegre. Caso contrário era inteligente o bastante para mudar de vida e não teria dito coisas como: "Viver é tão emocionante que não sobra tempo para mais nada".


Era de um raro tipo de artista que transforma a própria vida em arte. Ou que talvez não saiba onde começa um e termina outro. Como um Van Gogh mas não atormentada! Ensolarada, ocupada com a cozinha, a horta e o jardim da casa e do espírito. O que aconteceria se os dois se conhecessem? Talvez se apaixonassem (Olha Van, a Emily tá te dando bola!), talvez se compreendessem. Se se casassem Cora Coralina faria os doces.

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

ALIXANDRE...


Segunda que vem, nós do Ocho Letras, iremos apresentar nosso trabalho para o Alexandre Matte para que ele avalie, oriente, inspire. Como isso é importante para mim! O Alexandre, ou Alixandre como gosta de ser chamado, mudou minha visão de arte e de mundo. Nunca pensei que um professor pudesse fazer isso (pelo menos não aos 31 anos). Talvez não possa mesmo, talvez só um Mestre como ele, com todo seu amor, sua inteligência, sua quase clarividência possa. Sou grato por seu interesse pelo nosso trabalho e honrado pela sua disposição vir até Ribeirão para nos assistir. E apreensivo. A opinião (sempre criteriosa) do Alê será para mim uma prova de fogo! Quase já dois anos de trabalho e muita dedicação para que possamos apresentar algo bom. Simples assim: Teatro bom. Universal, divertido, atuante, pertinente.

Espero que como artista estejamos no caminho certo pois pavimentar o caminho até aqui foi muito árduo apesar de engrandecedor.

Não sou disso, mas acho que vou incensar Dionísio. Yo no creo en las bruxas; pero que las hay, las hay.

terça-feira, 2 de outubro de 2007

EUPINTOCOMOEUPINTO


Penso, logo minto!

Rousseau inicia sua bela autobiografia com um alerta. Ele diz que será o mais verdadeiro possível, mas que os leitores sempre duvidem de suas palavras. Isto porque a nossa memória nos prega peças, as nossas interpretações dos fatos cristalizam-se ao longo do tempo e vão se tornando verdades até mesmo para nós. Inconscientemente acreditamos no que queremos acreditar, no que nos faz conviver em paz com nós mesmos.
Ou como diria muito melhor Fernando Pessoa:

"Dizem que finjo ou minto
Tudo que escrevo. Não.
Eu simplesmente sinto
Com a imaginação..."

Pois é exatamente isso que eu pretendo fazer aqui.

LIBERDADE CONDICIONAL

Poderás ir até a esquina
comprar cigarros e voltar
ou mudarte para a China
- só não pode sair de onde tú estás.

Mario Quintana