ART - PAINTING A DAY - MISTAKES - LUCKY HITS

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

FREAK SHOW



Um retrato imaginário de Diane Arbus. Este é o subtítulo de Fur, filme sobre a impressionante artista americana que se destacou principalmente pelos retratos de pessoas à margem da sociedade, os chamados freaks - travestis, anões, gigantes, prostitutas...

O por quê de uma jovem bem nascida, polida e educada mergulhar neste universo de outsiders é tema de várias especulações tanto de críticos de arte quanto de psicanalistas de plantão, o que é certo é a importância de seu legado artístico que influenciou definitivamente a cultura pop antes de seu suicídio em 1971.

Vale a pena conhecer um pouco mais sobre o trabalho dessa curiosa figura que disse certa vez: ""Most people go through life dreading they'll have a traumatic experience. Freaks were born with their trauma. They've already passed their test in life. They're aristocrats."

Eu sempre acredito que a beleza está no olho daquele que tem capacidade, treino ou grandeza para vê-lo, fico imaginado como devia ser bela esta mulher para ver (e nos descortinar) tanta beleza onde os outros só viam deformidades.









domingo, 14 de outubro de 2007

OH, GOOD GRIEF!


Vale a pena visitar o site oficial dos Peanuts - http://www.snoopy.com/ - e reler algumas das tirinhas que Charles Schulz desenhou pessoalmente ao longo de 50 anos! Isso mesmo, o cara criou tirinhas diárias de 1950 à 2000, é considerada a história mais longa contada por um homem.

Quando decidiu parar por problemas de saúde (morreu 2 meses depois) o sindicato dos cartunistas dos Estados Unidos resolveu homenageá-lo, e em todos os jornais, todas as tirinhas, de todos os cartunistas trataram de apenas um mesmo assunto: Peanuts. Algumas são realmente emocionantes e muito engraçadas como por exemplo a dos Simpsons.

Essas tirinhas me lembram muito minha infância e como eu gostava de desenhar, os desenhos do Snoopy que passavam no SBT, além das brincadeiras na ruinha com a Patrícia (que eu sempre achei que tinha o jeitão da minha personagem preferida Peppermint Patty), Marcelo, Adriana... Êita tempo bom!

Acho que só mesmo Bill Watterson conseguiu criar humor à altura com Calvin & Hobbes http://www.gocomics.com/calvinandhobbes/

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

CARTAZ


PROCESSO NATURAL

Alguns dias da estréia e ainda continuo me perguntando sobre que caminho seguir na iterpretação de Don Pablo. Relí alguns trechos da auto-biografia de Brando - "Canções Que Minha Mãe Me Ensinou" - e achei alguns trechos interessantes deste cara que diz nunca ter sido contaminado pelo "vírus do ator": "...para mim sempre foi apenas um meio de ganhar a vida". Sua maneira prosaica é divertida e me agrada como ele dessacraliza a profissão do ator:
"...uma das características básicas da psique humana é o fato de se curvar facilmente à sugestão. A nossa suscetibilidade a ela é fenomenal, e a tarefa do ator é manipular essa sugestionabilidade. (...) Se a história é bem escrita e o ator não atrapalha , o processo é natural."
Claro que não era fácil nem para ele, mas com certeza ele achou uma maneira bastante eficiente de desempenhar bem a profissão.
Dei também uma olhada no programa de "Avarento" quando fiquei sabendo da morte de Paulo Autran. Não gostei da montagem apesar do bom elenco e do belo cenário e figurino, achei que o Paulo não tinha a força, a energia física que o Harpagon pedia. Cheguei a ter dó dele pelo menos em dois momentos: quando ele vai dar uma "surra" em um personagem jovem e quase cai e em uma transição de cena em que apagam-se as luzes e ele só não se estabaca todo por que em vez de sair de cena os outros atores é que entram e ele fica imóvel. Hoje é que fui saber que durante este espetáculo ele já estava fazendo rádio e quimio terapia para tratar um cancer no pulmão.
Dois grandes atores, dois grandes profissionais. Terão muito assunto!

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

OS PEQUENOS RIDÍCULOS

Chega nesta 31ª Mostra de Cinema de SP, o filme "Longe Dela", primeira direção da atriz canadense Sarah Polley que conhecemos principalmente dos filmes de Isabel Coixet - "Minha Vida sem Mim" e "A Vida Secreta das Palavras". Jovem, 28 anos, sobre o trabalho do ator e o papel do diretor ela diz o seguinte: "Atuar é se doar completamente para a visão de uma outra pessoa-seu corpo e coração se dedicam a ajudar alguém em quem você acredita a criar algo que apenas ele pode realmente ver". Já em São Paulo em cartaz com "Os Efêmeros" do Théâtre du Soleil, a brasileira Juliana Carneiro da Cunha, 58, reponde quando é perguntada sobre sua preferência em ser bailarina ou atriz: "Eu sou intérprete, bailarina, atriz, cantora, muda, fico de cabeiça para baixo, o que for necessário para o personagem".
Nesta fase de dúvidas em relação a interpretação e à própria concepção de "No Se Lo Que És - Pero Esta Me Comiendo Por Dentro", mais que conteúdo, a forma ao meu ver, pede por este artista que vislumbre o espetáculo como um todo.
Na falta dele teremos que achar este norte nós mesmos, deixá-lo claro para que todos "vejamos" a mesma coisa, e depois nos atirarmos sem rede de proteção. Não acho que falta pouco tempo, não acho que tudo vai mal, estou tranquilo. Mas tenho certeza que a peça só será teatro se emprestarmos nossa vida a ela, se formos vicerais, se entrarmos na curva acelerando mesmo que para capotar. Afinal como diz Mário Quintana dos pequenos ridículos:

Nunca faça escândalos. Ao menos,
Visto que tanto ousas,
Não os faças pequenos...
O ridículo está é nas pequenas cousas.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

AMNÉSIA


...e eu tenho idéia de ter comprado um Marlboro light com uma foto de gatinhos mortos no verso.

Só não me lembro o que estava escrito!

sábado, 6 de outubro de 2007

"THE BRAIN IS WIDER THAN THE SKY"



Assim como um pássaro canta ou uma aranha constrói uma bela teia, alguns seres só precisam se expressar para revelar toda a beleza de suas almas. Assim acredita Joseph Campbell, assim foi Emily Dickinson (1830-1886).


Sabe aquele prazer de conhecer um novo autor, ou uma nova língua? Aquela sensação de expandir as fronteiras de seu conhecimento? ("...os limites da minha linguagem são os limites do meu mundo" - Marshal Urban) Foi essa a sensação que tive ao entrar em contato com a obra desta mulher, apresentado por uma coluna da Nina Horta.


Dizem que é a maior poeta americana, alguns a comparam a Shakespeare na consistência das palavras. Eu acho que se tornaria amiga íntima de Cora Coralina se a tivesse conhecido, trocando receitas de doce e desafogando os corações sensíveis.


Emily nasceu em Amherst, Massachusetts, em uma casa construída pelos avós proveniente de uma família abastada. Teve uma educação primorosa e após finalizar os estudos voltou à casa para cuidar dos pais. Nunca se casou. Passou a vida toda reclusa. As poucas viagens que fez, para Filadélfia, Washington e Boston foi para tratar problemas de visão.


Seria uma personagem comum que se perderia nas brumas do tempo se não tivesse essa essência de passarinho ou aranha ou borboleta! Mas... "Beauty is not caused. It is."


Não aprendeu o recato do lar na escola. A diretora tinha fogo nas ventas e afirmava que um dos grandes perigos para o cérebro das mulheres era a cozinha. Concentravam toda a atenção nessa área do conhecimento e não lhes sobrava tempo para cultivar a mente. O que as donas de casa tinham que fazer era simplificar a lida e aproveitar a vida (com leituras edificantes). E que se danassem os maridos, esses tiranos, diante dos quais as mulheres se curvavam em servidão sem esperança. (Opa, isso em 1950!)


Mas a poeta só achava da vida o que queria achar, depois de muito pensar. Tratou de transformar a religião da família e do colégio numa coisa só sua, estudou bastante, apaixonou-se pelos livros e depois, já que podia escolher, escolheu voltar para casa, para a fortaleza paterna de onde começaria uma imensa viagem para dentro de si mesma.


Quase tudo que se sabe sobre a vida de Emily Dickinson tem como fonte as correspondências que ela manteve com algumas pessoas. Nestas cartas, além de tecer comentários sobre o seu cotidiano, havia também alguns poemas. Só que secretamente, esta moça escondeu do mundo quase dois mil poemas guardados em saquinhos de pano ou livros manuscritos com suas composições, produzidos e encadernados à mão que nunca foram publicados em vida.


Toda a sua obra foi editada postumamente, sendo reconhecida e aclamada pelos críticos.

"Behavior is what a man does, not what he thinks, feels, or believes."

Em vida seu maior reconhecimento foi ganhar um concurso de bolos na feira de gado da sua cidade. O prêmio era de 75 cents, mas ganhou! E continuou a fazer pão e bolo vida afora, dizia: "As pessoas querem doces, então é preciso fazê-los".


Acho que foi feliz. Acho que era alegre. Caso contrário era inteligente o bastante para mudar de vida e não teria dito coisas como: "Viver é tão emocionante que não sobra tempo para mais nada".


Era de um raro tipo de artista que transforma a própria vida em arte. Ou que talvez não saiba onde começa um e termina outro. Como um Van Gogh mas não atormentada! Ensolarada, ocupada com a cozinha, a horta e o jardim da casa e do espírito. O que aconteceria se os dois se conhecessem? Talvez se apaixonassem (Olha Van, a Emily tá te dando bola!), talvez se compreendessem. Se se casassem Cora Coralina faria os doces.

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

ALIXANDRE...


Segunda que vem, nós do Ocho Letras, iremos apresentar nosso trabalho para o Alexandre Matte para que ele avalie, oriente, inspire. Como isso é importante para mim! O Alexandre, ou Alixandre como gosta de ser chamado, mudou minha visão de arte e de mundo. Nunca pensei que um professor pudesse fazer isso (pelo menos não aos 31 anos). Talvez não possa mesmo, talvez só um Mestre como ele, com todo seu amor, sua inteligência, sua quase clarividência possa. Sou grato por seu interesse pelo nosso trabalho e honrado pela sua disposição vir até Ribeirão para nos assistir. E apreensivo. A opinião (sempre criteriosa) do Alê será para mim uma prova de fogo! Quase já dois anos de trabalho e muita dedicação para que possamos apresentar algo bom. Simples assim: Teatro bom. Universal, divertido, atuante, pertinente.

Espero que como artista estejamos no caminho certo pois pavimentar o caminho até aqui foi muito árduo apesar de engrandecedor.

Não sou disso, mas acho que vou incensar Dionísio. Yo no creo en las bruxas; pero que las hay, las hay.

terça-feira, 2 de outubro de 2007

EUPINTOCOMOEUPINTO


Penso, logo minto!

Rousseau inicia sua bela autobiografia com um alerta. Ele diz que será o mais verdadeiro possível, mas que os leitores sempre duvidem de suas palavras. Isto porque a nossa memória nos prega peças, as nossas interpretações dos fatos cristalizam-se ao longo do tempo e vão se tornando verdades até mesmo para nós. Inconscientemente acreditamos no que queremos acreditar, no que nos faz conviver em paz com nós mesmos.
Ou como diria muito melhor Fernando Pessoa:

"Dizem que finjo ou minto
Tudo que escrevo. Não.
Eu simplesmente sinto
Com a imaginação..."

Pois é exatamente isso que eu pretendo fazer aqui.

LIBERDADE CONDICIONAL

Poderás ir até a esquina
comprar cigarros e voltar
ou mudarte para a China
- só não pode sair de onde tú estás.

Mario Quintana